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Futebol em Estado Puro #1: Juan Román Riquelme - O “El Torero”

  • Foto do escritor: Bruno Galvão
    Bruno Galvão
  • 22 de jan. de 2021
  • 5 min de leitura


Dotado de um talento inato e de uma capacidade de proteger a bola como poucos, “El Torero” tinha um carisma que contagiava qualquer adepto e fazia vibrar as bancadas com a sua magia. Pode se afirmar que foi um dos últimos “10” puros que o futebol presenciou, aquele génio que era a alma de uma equipa a meio campo e que através da sua requintada técnica, apetência para lances de bola parada e apurada visão de jogo (mesmo não sendo um jogador veloz), fazia a equipa jogar à sua volta.


Inicio de Carreira

Começou a dar os primeiros toques no Argentinos Juniors, tendo-se transferido ainda com idade de júnior para o Boca Juniors. Os seus primeiros lá coincidiram com os últimos anos do seu ídolo, Diego Maradona, com o qual ele confessa ter aprendido muito e ter-se inspirado enquanto futebolista.

Riquelme, no Boca, rapidamente se tornou uma referência do clube com grandes exibições individuais onde conseguia agitar o “La Bombonera”. Aí veio a somar vários prémios individuais e coletivos onde se destacam 4 Campeonatos Argentinos, 2 Copa Libertadores, 1 Taça Intercontinental e o Melhor Jogador das Américas (2001). Após os anos de glória no Boca, transferiu-se para o Barcelona pelo valor de 26 milhões de dólares, que na altura fez com que fosse considerada a maior transferência de um jogador da Argentina para a Europa.


Fracasso em Camp Nou

A sua primeira experiência europeia ao serviço do Barcelona não viria a correr da melhor forma. Louis Van Gaal, técnico do Barcelona na altura, deixou sempre claro que Riquelme não era uma contratação que fizesse parte dos seus planos, mas sim de interesses políticos do clube. O técnico mostrou sempre indiferença em relação ao Argentino, sendo o jogador muitas vezes suplente e quando entrava de início, jogava maioritariamente fora da sua zona de conforto, descaindo para os corredores laterais. O técnico holandês criticava muito Juan, dizendo que “era o melhor do mundo com a bola nos pés, mas que quando a equipa não tinha a bola, era como se tivesse a jogar com menos um”.

Com os maus resultados da equipa e uma classificação que deixava o clube nos lugares de descida, Van Gaal viria a ser despedido no decorrer da época e o Radomir Antic viria a assumir o comando dos Blaugrana. O técnico sérvio viria a ter planos para tornar Riquelme ter um papel de destaque na equipa, mas esses mesmos não caíram bem no seio das referências dos Culé, o que causou mal-estar no balneário.


Na época seguinte, o Barcelona viria a mudar de direção e equipa técnica, com Laporta a assumir a presidência e Rijkaard o comando técnico da equipa. Juntando toda essa instabilidade e à promessa da camisola 10 a Ronaldinho Gaucho, Riquelme decidiu mudar de ares e iniciou uma nova etapa da sua carreira noutro clube espanhol, desta feita no Villarreal onde iria atuar por empréstimo e mais tarde assinar em definitivo.


Próxima paragem: Villarreal

Riquelme chega ao Villarreal no ano de 2003, onde a sua escolha em vestir a camisola do clube foi muito questionada pela imprensa devido ao facto de ter vários clubes de um nível superior interessados nos seus serviços e ter optado por um clube que tinha lutado pela manutenção na La Liga na temporada anterior.

No submarino amarelo, viria a encontrar-se com o seu melhor futebol e figurou no 11 com outros nomes de grande influência no clube, como Santi Cazorla, Marcos Senna e Diego Forlán, que juntos conduziriam a equipa a um magnífico 3º lugar da La Liga em 2004/2005 e consequente classificação para a Liga dos Campeões no ano seguinte.


Na temporada 2005/2006, Riquelme liderou a equipa numa espetacular campanha na Liga dos campeões, onde viriam a chegar às meias finais da prova sendo eliminados pelo Arsenal, sendo que essa eliminação é descrita pelo Argentino como o momento mais triste da sua carreira. Nessa temporada, teve um momento bastante emblemático na última jornada, onde jogaram contra o Real Madrid no jogo que marcaria a despedida de Zidane dos galácticos. Esse jogo terminou 3-3 no Santiago Bernabéu, onde no final do encontro, ambos trocaram as suas camisolas num momento que Riquelme descreve como “adorável”.

Após um ano de glória, a temporada seguinte começaria da pior maneira com conflitos entre o Juan e o técnico Manuel Pellegrini, sendo que o craque Argentino se recusou a treinar e acabou por ser emprestado ao seu clube de coração, o Boca Juniors.

Boca Juniors parte II


Numa fase inicial a título de empréstimo e mais tarde em definitivo, El Torero voltaria a vestir a mítica camisola 10 do seu clube de coração aos 28 anos, com muito futebol ainda para dar.

Nesta segunda passagem, acrescentou mais uma Libertadores ao seu palmarés, onde foi figura na final apontando 3 golos (distribuídos pelas duas mãos).

Esta sua segunda aventura no Boca terminaria em 2014, onde terminou a sua carreira no Argentinos Juniors, clube onde iniciou a sua formação de futebolista e o qual ajudou naquele seu último ano como futebolista a subir ao principal escalão do futebol Argentino.


Na albiceleste

A sua estreia pela seleção Argentina chegou no ano de 1997 num jogo no “La Bombonera” frente à seleção Colombiana a contar para a fase de classificação do Campeonato do Mundo 1998.

A primeira competição internacional só chegaria em 1999, onde fez parte das escolhas do técnico Marcelo Bielsa, competição que seriam eliminados pela seleção do Brasil nos quartos-final.

Após falhar o Mundial 2002, Riquelme voltaria a representar a seleção numa competição através da Taça das Confederações em 2005, onde voltaria a perder para o Brasil, desta feita na final, sendo que o craque argentino apontou 3 golos nos 5 jogos realizados na competição.


Em 2006, chegaria a sua primeira e única presença num Campeonato do Mundo, onde integrou a convocatória do selecionador José Pékerman para disputar a competição na Alemanha. A Argentina seria eliminada pela seleção anfitriã, que por curiosidade, tinha na baliza o guardião Jens Lehmann, que no mesmo ano também foi seu carrasco nas meias finais da Liga dos Campeões ao serviço do Arsenal.

No ano 2008, ao comando do selecionador Sérgio Batista, Riquelme voltaria a vestir a albi-celeste para disputar os Jogos Olímpicos de Pequim, competição esta que viria a ser vencida pela seleção Argentina, que era composta por nomes como Leo Messi, Angel Di Maria ou Kun Aguero.


Com o assumir do cargo de selecionador por parte de Diego Armando Maradona, Riquelme teve alguns conflitos com El Pibe, que contestava falta de esforço por parte de Riquelme e afirmava que o mesmo não compreendia as suas ideias, o que levou a Juan a renunciar a seleção Argentina enquanto Diego fosse selecionador, tendo ele falhado o Mundial 2010 e nunca mais vestido a camisola do seu país.


Possivelmente, um dos últimos clássicos número 10 do futebol.

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