Futebol em Estado Puro #4: Nakamura, o “Génio Nipónico”
- Bruno Galvão
- 12 de fev. de 2021
- 6 min de leitura

Nascido na cidade de Yokohama e com 1,78m de altura, Shunsuke Nakamura foi um dos grandes génios do futebol asiático. Dotado de um predestinado pé esquerdo, de uma visão de jogo acima da média e com uma capacidade eximia de cobrar livres diretos, Shunsuke brilhou por todos os relvados onde passou, deixando sempre a sua marca.
Yokohama F. Marinos
No ano de 1997, Nakamura assinaria pelo Yokohama Marinos equipa pelo qual se estreou como profissional de futebol sendo que esta era também a sua equipa de sonho. Com o 25 nas costas, efetuou 27 partidas tendo feito 5 golos e 5 assistências, além dos pormenores de classe com o seu pé esquerdo que deixavam os adeptos em delírio. Nakamura já era visto como uma das grandes promessas do futebol japonês.
Em 1999, Nakamura passaria a usar a camisola 10 e já era o foco da equipa e um ídolo na massa adepta. Continuou na equipa até ao ano de 2002 tendo vencido a Taça da Liga do Japão em 2001 e ganho o prémio de MVP da Liga Japonesa no ano de 2000. No ano de 2002 o craque nipónico decidiu que era a altura de mudar de ares e decidiu aventurar-se no futebol Europeu, onde o cálcio o esperava.
Reggina
No Verão de 2002, chegava à série A o craque japonês pela porta do Reggina. Apresentado com a camisola 10, o seu impacto foi imediato marcando um golaço na estreia. Nakamura era a estrela de uma equipa carente de qualidade, que nessa temporada lutou pela manutenção até às últimas jornadas. A temporada seguinte a nível coletivo voltou a ser pouco vistosa, mas Shunsuke conseguia mostrar lampejos da sua qualidade dentro das quatro linhas.
Na temporada 2003/04, mal atuou pela equipa devido a sucessivos problemas físicos que o afetaram no decorrer da época sendo que na temporada seguinte, voltou às boas exibições e a carregar o clube que continuara carente de qualidade no elenco voltando a lutar pela manutenção.
No Verão de 2005, decidiu terminar a ligação com o clube italiano e partir para uma nova etapa na sua carreira, desta feita em terras de sua majestade.
Um ídolo em Glasgow
Chegar, ver e vencer. Não há expressão que defina melhor o impacto imediato de Nakamura no Celtic tendo ganho desde cedo a alcunha de “génio” pelos adeptos do clube escocês.
Com jogadas magistrais, fortíssimo na bola parada e capacidade de passe aliada a visão de jogo apurada, o craque japonês fazia furor na Liga Escocesa e na sua primeira época teve um impacto assinalável com 6 golos e 10 assistências em 33 jogos terminando com a conquista da Liga e da Taça da Liga Escócia.
Na temporada 2006/07, ainda seria melhor: 9 golos e 13 assistências em 37 jogos disputados, época em que ficou marcada pelo seu golo que deu o titulo de campeão novamente ao Celtic na cobrança eximia de um livre frente ao Dundee United. Nesta temporada foi o líder das assistências e coroado também o Melhor Jogador do Campeonato Escocês.
Nessa mesma temporada, o Celtic estava a fazer uma campanha bastante sólida na Champions League e Nakamura era o cabeça de cartaz da equipa. Num grupo complicado com Manchester United, o génio japonês marcou aos Red Devils nas duas partidas da fase de grupos em que se enfrentaram, e sempre de livre, perdendo 3-2 em Old Trafford e vencendo por 1-0 no Celtic Park com o seu golo. Os escoceses avançaram para os oitavos de final, onde foram eliminados pelo campeão Milan, com um empate sem golos na primeira mão na Escócia e uma vitoria por 1-0 do Milan em Itália, com o golo no prolongamento. Nesta altura Nakamura era cobiçado por os tubarões europeus, mas para felicidade dos adeptos do Celtic, continuaria a vestir a sua camisola.
Nas duas temporadas seguintes, Nakamura manteve o seu impacto na equipa e os seus lances geniais continuara a surgir jogo após jogo. Ao todo foram 142 jogos, 28 golos e 36 assistências nas 4 temporadas na Escócia juntando aos 3 campeonatos conquistados 1 Taça Escocesa e 2 Taças da Liga. Números impactantes que o tornaram num ídolo e um dos melhores de todos os tempos do clube.
No final da temporada 2008/09 terminaria a sua ligação ao Celtic e iria cumprir um sonho de infância: Jogar na “La Liga”.
RCD Espanyol
Em 2009 chegou à Catalunha numa apresentação que contou com 10 mil adeptos nas bancadas a cantarem o seu nome. Havia muita expectativa no impacto do craque japonês na equipa e a pré-temporada prometeu muito, com excelentes exibições e muita entrega por parte do jogador. Até que no dia 8 de agosto, Dani Jarque, capitão de equipa, faleceu devido a morte súbita, o que causou um enorme mau estar na equipa.
Após o acontecimento trágico, o técnico começou a deixar os craques da equipa catalã de fora das opções, para além de Nakamura, também De la Pena e Tamudo começaram a ser afastados do 11. Na primeira metade da época fez 20 jogos e 4 assistências, sendo que maior parte dos jogos entrara a partir do banco de suplentes.
Nakamura estava infeliz em Espanha e a saída no mercado de Inverno era o cenário aberto na altura, influenciado também pelo Campeonato do Mundo, Shunsuke queria jogar com maior regularidade, e após rumores que iria para o Middlesbrough FC que era orientado pelo técnico Gordon Strachan que o treinou no Celtic, o japonês optou pelo regresso a casa.
Regresso à casa de partida e reta final da carreira
O regresso de Shunsuke à casa de partida foi feito com um enorme sorriso nos lábios e vontade de ajudar a equipa a cumprir os seus objetivos. Muitos golos, assistências e lances de génio iam abrilhantando o futebol japonês e Nakamura jogava com o mais belo prazer pelo seu clube. No ano de 2013, venceu a Copa do Imperador e foi considerado o MVP da Liga Japonesa. Em 2017, após divergências com a direção do clube, o craque decidiu por fim à sua ligação com o clube do coração e rumou ao Jubilo Iwata. Pós ligação de 2 anos, regressou à sua cidade Natal para representar o Yokohama FC, clube o qual ajudaria a subir ao primeiro escalão do Japão e onde atualmente, com 42 anos de idade, ainda vai deixando o seu perfume dentro as 4 linhas.
Seleção do Japão
Estreou-se pela seleção no ano de 2000 frente à seleção de Singapura e desde então, o seu impacto foi imediato tendo sido peça fundamental na conquista da Taça Asiática nesse mesmo ano.
No Verão de 2002, falhou o Campeonato do Mundo organizado pelo seu país e pela Coreia do Sul devido a uma lesão no tornozelo, o que foi frustrante para Shunsuke.
Em 2003, foi o grande destaque dos nipónicos na Taça das Confederações, ficando registado um excelente golo de livre frente à França de Zidane e companhia.
No ano de 2004, comandou a sua seleção ao tri-campeonato asiático, com o 10 nas costas, foi o MVP do torneio onde fez golos e assistências para todos os gostos e enormes momentos de genialidade. Após o torneio, a sua presença na seleção continuou com enorme impacto e foi peça fulcral no apuramento para o Mundial 2006 da Alemanha.
Na Taça das Confederações na Alemanha em 2005, a sua classe voltaria a estar em evidencia, saltando à vista a sua excelente exibição contra a seleção brasileira onde marcou um golaço no empate 2-2.
Um ano depois, realizar-se-ia na Alemanha o Mundial e o Japão contou com Nakamura no elenco este que seria o primeiro Campeonato do Mundo do craque nipónico. Num amigável de preparação para o torneio algo polémico contra a seleção da Alemanha (anfitriã do torneio), vários jogadores saíram com mazelas físicas incluindo o próprio Nakamura, que chegava limitado fisicamente à competição. No primeiro jogo, chegou mesmo a marcar contra a Australia na cobrança de um livre direto, mas, não chegaria para vencer, pois a seleção australiana daria a volta e venceria por 3-1. Com o empate frente à Croácia e a derrota frente ao Brasil por 4-1 os japoneses acabavam eliminados na fase de grupos e vinham para casa mais cedo que o esperado dadas as expectativas nesta geração de jogadores japoneses liderados por Zico.
Entre 2006 e 2006, Ivica Osim assumiu o cargo de selecionador e levou a seleção à Taça da Ásia em 2007 tendo o Japão terminado a competição num 4º lugar, competição que a federação foi criticada por não ter levado a sério. Nakamura mantinha-se como o nome sonante da equipa e a carregar a bandeira do seu país.
Em 2007, Takeshi Okada seria o escolhido para orientar a seleção rumo ao Mundial 2010. Shunsuke mantinha-se nas escolhas e a sua influência na equipa continuara intacta. Após uma época 2009/2010 conturbada e uma lesão em vésperas da competição, Nakamura chegaria limitado ao Mundial e apenas jogaria contra a Holanda jogo no qual entrou no segundo tempo. Após eliminação, Nakamura acabou por renunciar a seleção e afirmou sentir-se triste por nunca ter chegado a um Campeonato do Mundo em condições físicas de dar tudo de si à seleção, dizendo que “dava-se mal com Mundiais”. Ao todo foram 98 partidas disputadas pela sua seleção e 24 golos apontados.
Muito provavelmente quando falamos de Nakamura, falamos do maior génio da história do futebol asiático e possivelmente um dos maiores cobradores de livres diretos dos últimos 20 anos.
Apesar que pegou meu texto que botei no Wikipedia mas fico bom o post kkk